Em um cenário científico cada vez mais atento ao papel da microbiota intestinal na saúde humana, novas pesquisas vêm reforçando o potencial terapêutico de um recurso simples, natural e milenar: o campo magnético estático (SMF), como aquele gerado por ímãs permanentes usados no Biomagnetismo Medicinal.
Pesquisadores da Universidade Ludwig Maximilian de Munique, na Alemanha, publicaram em abril deste ano, na prestigiada revista PNAS, um estudo marcante: ao transferirem bactérias intestinais de pacientes com esclerose múltipla (EM) para camundongos germ-free, os animais passaram a desenvolver sintomas semelhantes à doença. A pesquisa envolveu 81 pares de gêmeos idênticos, onde apenas um dos irmãos apresentava EM — o que exclui fatores genéticos e destaca o papel da microbiota intestinal como fator causal.
Enquanto isso, na Ásia, outro grupo de cientistas investigava os efeitos de SMFs de intensidade moderada em camundongos. O estudo liderado por Yang et al. (2022), publicado na revista Biology, demonstrou que a exposição a campos magnéticos de 150 mT durante semanas melhorou o comportamento emocional, a função ovariana e a diversidade da microbiota intestinal, com aumento de bactérias benéficas como Bifidobacterium e Clostridium.
Essas descobertas, quando analisadas em conjunto, sugerem algo extraordinário: campos magnéticos estáticos podem influenciar diretamente a saúde do intestino, a resposta imunológica e, indiretamente, condições neurológicas complexas como a esclerose múltipla.
Terapias Magnéticas e o Potencial Imunológico
Além da modulação da microbiota, diversos estudos têm apontado que os campos magnéticos estáticos exercem influência direta sobre a produção de citocinas — mensageiros químicos que regulam a inflamação. Pesquisas conduzidas por Lin et al. (2008 e 2009) demonstraram que a aplicação de SMFs aumentou a produção de IL-1ra, um antagonista natural da interleucina inflamatória IL-1, e reduziu a citotoxicidade celular provocada por endotoxinas bacterianas.
Em outro estudo de 2024, publicado na revista Bioengineering, pesquisadores europeus observaram que campos magnéticos com diferentes intensidades e polaridades modificam seletivamente a liberação de citocinas inflamatórias e reguladoras como IFN-γ, IL-17 e TNF-α em culturas de linfócitos humanos.
Esses achados reforçam o que profissionais das Práticas Integrativas e Complementares Magnéticas (PICMAGs) já percebem em seus consultórios: o campo magnético não atua apenas na dor ou na regulação do pH, mas tem efeitos sistêmicos sobre a imunidade, o sistema nervoso e o equilíbrio emocional.
Opinião ABRABIO: Oportunidade para a ciência brasileira
A Associação Brasileira dos Biomagnetistas (ABRABIO) enxerga esse momento como estratégico. “É hora de conectar o que fazemos na prática clínica com as evidências acadêmicas que vêm surgindo em diferentes partes do mundo”, como afirma Adriane Viapiana Bossa, presidente da ABRABIO e CEO do Instituto Par Magnético - IPM que hospeda o programa de pós-graduação em Biomagnetismo e Bioenergética Aplicados à Saúde, instituições parceira da ABRABIO. “O Biomagnetismo pode ser a ponte entre os avanços da biofísica e as necessidades de cuidado integrativo da população.”
A ABRABIO defende a promoção de estudos colaborativos, protocolos experimentais, parcerias com universidades e a regulamentação das PICMAGs como um campo legítimo e baseado em evidência.
Um convite à pesquisa e à regulamentação
A interseção entre campos magnéticos, microbiota e sistema imunológico é hoje uma das fronteiras mais promissoras da ciência da saúde.
E o Brasil pode ocupar lugar de destaque nesse cenário, investindo em pesquisa clínica, educação científica e regulamentação das práticas terapêuticas integrativas com base magnética.
A ABRABIO seguirá divulgando estudos, apoiando terapeutas biomagnetistas e buscando diálogo institucional com o SUS, universidades e órgãos reguladores, para que as terapias magnéticas deixem de ser vistas apenas como alternativas e passem a ser reconhecidas como práticas baseadas em ciência.
Referências
LIN, Shu-Li et al. Static magnetic field attenuates the mortality rate of mice by increasing the production of IL-1 receptor antagonist. International Journal of Radiation Biology, v. 85, n. 7, p. 633–640, 2009. DOI: https://doi.org/10.1080/09553000902993908.
LIN, Che-Tong et al. Long-term continuous exposure to static magnetic field reduces lipopolysaccharide-induced cytotoxicity of fibroblasts. International Journal of Radiation Biology, v. 84, n. 3, p. 219–226, 2008. DOI: https://doi.org/10.1080/09553000801902158.
MARIĆ, Veljko et al. The effect of static magnetic fields of different intensities and polarities on cytokine production by human lymphocytes in vitro. Bioengineering (Basel), v. 11, n. 8, art. 749, 2024. DOI: https://doi.org/10.3390/bioengineering11080749.
YANG, Xingxing et al. The effect of long-term moderate exposure to a static magnetic field on adult female mice. Biology, v. 11, n. 11, art. 1585, 2022. DOI: https://doi.org/10.3390/biology11111585. PMID: 36358286; PMCID: PMC9687991.
YOON, H. et al. Multiple sclerosis and gut microbiota: Lachnospiraceae from the ileum of MS twins trigger MS-like disease in germ-free transgenic mice—An unbiased functional study. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America (PNAS), v. 122, n. 18, e2419689122, 2025. DOI: https://doi.org/10.1073/pnas.2419689122. PMID: 40258140; PMCID: PMC12067282.
YU, Xin et al. Static magnetic fields protect against cisplatin-induced kidney toxicity. Antioxidants (Basel), v. 12, n. 1, art. 73, 2022. DOI: https://doi.org/10.3390/antiox12010073. PMID: 36670933; PMCID: PMC9854588.
Dr goiz
https://youtu.be/J58zgzUqWo4?si=aIWzlLaGGDWst98v